terça-feira, 12 de outubro de 2010
Um ato de covardia...
Bruna Laís
domingo, 10 de outubro de 2010
P.s. Essa história eu escrevi com a intenção de tocar um pouco em cada pessoa, para que nunca se esconda a verdade. Fale aquilo que você quer falar a muito tempo e não tem coragem. Por que aquela história de "amanhã pode ser tarde demais" é verdade e o amanhã nem sempre é igual ao ontem!.
Bjos: Bruna Laís...eu queria gritar a verdade, mas naquele momento a dor que eu sentia era maior...
Eu acordei com o celular tocando, quando olhei “uma mensagem recebida”.
Peguei-o com muito sono e a vista demorou um pouco para focar a imagem na tela. Aquela já era a 7ª mensagem
que ele mandava desde ontem (sem contar com as ligações), resolvi ler.
“Por favor, leia esta mensagem até o fim. Quero te vê muito, preciso te contar uma coisa importantíssima. Ás 16:00 h. no parque do centro.”
Dizia a mensagem, eu não tinha a menor vontade de ir, joguei o celular no lugar em que estava e voltei a fechar os olhos.
Não consegui dormir e levantei.
Eram mais ou menos 15:00 h. quando decidi ir até o parque para encontrar logo com ele e acabar com aquilo de uma vez por todas.
Estava nublado, me arrumei,peguei uma capa de chuva e fui.
Quando cheguei, lá estava ele sentado, no banco quietinho... aquela imagem mexeu comigo, ele estava de cabeça baixa,
segurando um envelope, o vento batia em seus cabelos bagunçados dando a ele um ar leve porém cansado. Aproximei-me dele com o
coração apertado, respirei fundo e sentei ao seu lado. Ele ficou do mesmo jeito por alguns segundos e quando finalmente olhou p/ mim
percebi seus olhos vermelhos. Ele tinha chorado! Sorriu pra mim do mesmo jeito que sorriu quando nos conhecemos.
“Obrigado” sussurrou ele.
“Deixa isso para lá, o que há de tão importante?” Perguntei tentando evitá-lo.
“Só te olhar” Ele continuava sussurrando.
“Não acredito que você fez isso!” Eu estava furiosa.
“Eu pediria desculpa se estivesse arrependido, mas não estou”
Eu não tive o que falar.Ele estendeu o envelope para mim.
“O que...”
“Shiiii” ele colocou o dedo em minha boca para me calar. “Só leia no dia certo” Ele falava como um anjo.
“E quando será?” Eu começava a achar ele um louco. Ele sorriu, beijou minha testa e foi embora. Fiquei ali tentando entender o que
tinha acabado de acontecer. Voltei pra casa. A tentação de abrir o envelope era forte, mas eu não abri. Ele sumiu e oito meses já haviam
passado quando uma amiga minha veio em casa e disse que ele estava muito mau no hospital, fiquei sem reação e ela continuou
falando: “a mãe dele disse que ele pediu pra te avisar quando isso acontecesse.” Corri pro meu quarto atrás da carta, ao achá-la fiquei
gelada e logo abri a mesma. Tive duvidas se aquele era o “momento certo”, mas deixei isso para lá e comecei a ler.
“Oi, acredito que você está triste e sentirá minha falta, mas se você chorar antes do fim significa que eu sempre estive errado. A alguns
meses atrás, descobri que estava mau e não iria viver mais de um ano, por incrível que pareça não tive medo,não fiquei triste, fiquei sem
emoção nenhuma. A noite quando fui dormir, vi nossa foto na escola (aquela em que você tinha pulado em minhas costas) e naquele momento
a única coisa que eu fiz foi chorar. No outro dia,marquei com você no parque e te entreguei esta carta. Me perdoa por tudo que fiz, eu juro que não
foi por mal e sim por amor. Eu te amava mais que a mim mesmo e foi por isso que eu fui embora e te ignorei do nada. Você disse que o Carlos tinha
dito que gostava de você. Estavas tão feliz, doeu tanto, mas eu tinha que deixar você seguir sua vida... e deixei. Só te peço que não esqueça de mim,
de um amigo que sempre foi mais que isso. Te cuida, seja feliz. Lembre-se de uma coisa sempre: Alguém te amou!”
Não percebi quando as lágrimas rolaram em meu rosto, só sabia que eu precisava vê-lo. Corri para o hospital e quando cheguei lá ele estava tão
diferente, Ah... que dor senti em meu peito! Entrei no quarto e segurei a mão dele, ele abriu os olhos e ficou me encarando, percebi certo frustamento em seu olhar.
“Você não esperou” Falou com dificuldade.
“Oito meses não foi o bastante?” Perguntei com um nó na garganta.
“Você teve certeza na hora de abrir?”
Senti minhas bochechas queimarem –NÃO- pensei, mas a vergonha não me deixou falar.
Ele sorriu levemente “Viu” sussurrou “agora você vai ficar se sentindo mau.”
“Já estou” Falei chorando.
“Foi pior” Ele apertou minha mão.
“Por quê?” Perguntei.
Ele suspirou e eu entendi tudo. O médico me mandou sair do quarto. Voltei pra casa e não dormi direito, no dia seguinte, minha
mão me disse que ele tinha morrido. O choque foi tão grande que eu só “cai” no sofá, não chorei, subi para o quarto, me arrumei e
fui para o enterro dele. No cemitério, o ar era um só: A perda de um bom garoto. Ele era mais que isso, eu sabia! Quando jogaram o
primeiro punhado de areia sobre o caixão dele me lembrei de uma frase que ele disse: Um dia, quando as palavras se calarem e tudo
o que restar for apenas lembranças você vai ouvir uma única coisa ‘o segredo foi enterrado e a verdade nunca será contada’!
Sim, eu queria gritar a verdade, mas naquele momento a dor que eu sentia era maior, maior que qualquer coisa.
Eu também o amava!!!
Por: Bruna Laís